sábado, 21 de março de 2009

O efeito Mozart

Há algumas semanas eu discuti em um post a relação entre a música e matemática e no caso como a música se beneficiou das ferramentas matemáticas para desenvolver as escalas, campos harmônicos, e toda a complexa teoria musical que temos hoje.

De forma semelhante surge uma questão. Será que a matemática de alguma forma já beneficiou a música ? Pesquisando o tema na internet eu encontrei muito material, muito mito e portanto muita confusão. Para desmistificar o assunto eu recorri a especialistas da área de ciência cognitiva (área que já trabalhei em um projeto de IC, computação bioinspirada).

O efeito Mozart

Nos últimos anos, frases como ‘a música deixa o ser humano mais inteligente’ ou ‘ele estuda música e por isso é muito bom de raciocínio’ podem ser ouvidas em diversos ambientes – em conversas informais entre amigos, em círculos familiares, na televisão e até mesmo em contextos educacionais. Geralmente, quando estas frases são pronunciadas, há uma tendência natural em associarmos o aprendizado musical a atributos ou rendimentos em outras áreas do conhecimento. Um exemplo disso foi o chamado ‘Efeito Mozart’, que causou (e ainda causa) muita polêmica.
Há cerca de uma década, a disseminação prematura pela mídia dos resultados de uma investigação científica preliminar deu origem ao famigerado ‘Efeito Mozart’, nome atribuído a uma pequena melhoria em um sub-teste (habilidades espaciais) do famoso teste Stanford Binet de inteligência ocorrida logo após a audição de uma determinada obra musical de W.A. Mozart. Seus pesquisadores, compararam a performance de ratos de laboratório e de estudantes universitários em condições sonoras variadas, como no silêncio e na presença de peças de Mozart e Phillip Glass, e concluíram que a audição da música de Mozart causava um progresso temporário nas habilidades espaciais de seus participantes. O ‘Efeito Mozart’, que hoje é marca registrada, deu origem a uma verdadeira febre de consumo da música de Mozart e de programas ‘mágicos’ de educação musical, que prometiam desenvolver bebês mais inteligentes e mais aptos a obterem um lugar em universidades famosas como a renomada Universidade de Yale.

O mito

A discussão acerca da existência de uma relação causal entre a música e a matemática é bastante antiga. A própria história da música fornece uma possível explicação para tamanho interesse nesta relação. Na Antigüidade, por exemplo, tanto a música quanto a matemática faziam parte dos conhecimentos dos indivíduos ilustrados e respeitados socialmente por suas capacidades intelectuais. Além disso, há muitas relações matemáticas contidas na própria estrutura musical, o que torna bastante próxima a relação entre as duas áreas. Contudo, não existe na literatura nenhuma relação causal entre a aprendizagem musical e as habilidades matemáticas, isto é, não existem estudos que comprovam o aprendizado musical como elemento de ‘melhoria’ ou aperfeiçoamento das habilidades matemáticas. O que as pesquisas mostraram que alunos bons em música eram também bons alunos de matemática, e de outras disciplinas. Segundo pesquisas, é possível que não exista necessariamente uma relação causal sólida entre a música e a matemática, mas que os alunos matriculados em cursos e aulas de música sejam alunos mais aplicados que a média, sendo, portanto, bons alunos também na matemática. Portanto é preciso muito cuidado com as generalizações já que não há nenhuma garantia de que ao aprender uma disciplina o aluno terá sucesso na outra.

Conclusões do autor do Blog

Ao meu ver a existência de diversos mitos, alguns dos quais estabelecidos há muito tempo, e que vêm sendo disseminados pela mídia, e transmitidos (ou retransmitidos) em conversas, informais e acadêmicas consistem um grande problema para a difusão do ensino e apreciação da música. Estes mitos afetam (e muito) as práticas musicais realizadas em conservatórios e escolas de música de todo o país, bem como afastam muitos indivíduos daquilo que entendo como motivações ‘reais’ para o ensino e aprendizado musical.

Mozart com a palavra
"Quer saber como eu componho? Posso dizer-lhe apenas isto: quando me sinto bem disposto, seja na carruagem quando viajo, seja de noite quando durmo, ocorrem-me idéias aos jorros, soberbamente. Como e donde, não sei. As que me agradam, guardo-as como se tivessem sido trazidas por outras pessoas, retenho-as bem na memória e, uma após a outra, delas tomo a parte necessária, para fazer um pastel segundo as regras do contraponto, da harmonia, dos instrumentos, etc. Então, em profundo sossego, sinto aquilo crescer, crescer para a claridade de tal forma que a obra mesmo extensa se completa na minha cabeça e posso abrangê-la de um só relance, como um belo retrato ou uma bela mulher... Quando chego neste ponto, nada mais esqueço, porque boa memória é o maior dom que Deus me deu."
Para não perder a viagem ...

Uma das minhas obras preferidas de Mozart. A flauta mágica (Die Zauberflöte).


A ópera está dividida em 14 partes. Para ver o playlist do youtube siga o link
http://www.youtube.com/view_play_list?p=EDF150BE7E70CD0D


Fonte: http://www.rem.ufpr.br/REMv9-1/ilari.html

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Gabriel Dias Pais

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